sexta-feira, 17 de junho de 2011

A educação e o homem burguês - Da Revolução Francesa até o século XIX

Com o período de transição do sistema feudal para o capitalismo, muita coisa mudou. O ideal da nova burguesia se caracterizava por querer formar indivíduos preparados para a competição do mercado, produzir cada vez mais e também por achar que nada pode paralisar a indústria. 

Um ponto importante a destacar é a mudança do modo de produção. O feudalismo se caracterizava pelas suas relações de trabalho se realizarem entre o senhor feudal e o servo, que era subordinado ao senhor feudal. 
Esse servo trabalhava na terra do senhor e pagava um “aluguel” pelo seu uso. O servo devia gratidão ao senhor pelo trabalho e proteção, a essa relação de dependência e gratidão dá-se o nome de vassalagem. Nesse período não existia trabalho assalariado, o que resultava numa dependência social entre o senhor e seu servo. Já no capitalismo, as relações de produção e trabalho possuem características opostas ao feudalismo. O sistema capitalista deixa explícita a função do dono dos meios de produção e do trabalhador que vende sua força de trabalho. Outra característica fundamental do capitalismo é a incessante busca pelo aumento da produção, a busca de novos mercados consumidores e a busca de lucros. 

Essa pode ser chamada de pirâmide do capitalismo: 


Na base da pirâmide estão os trabalhadores, que sustentam toda a sociedade com seu trabalho. Um degrau acima estão os nobres, os quais já não tinham mais os mesmos privilégios do período feudal. Logo acima estão o Exército, o clero. E por fim, na ponta da pirâmide, estão os burgueses, ou seja, os donos dos meios de produção.

Retomando um pouco a questão da educação, como já foi dito na postagem anterior, Rousseau não se preocupou com a educação das massas e sim com a educação do indivíduo capaz de contratar um mentor. E a sua filosofia influenciou um outro pedagogo, Basedow.
Basedow
Para ele, a educação tinha como papel formar “cidadãos do mundo”. Dividia a escola devido à grande diferença de hábitos e de condição entre as classes: 



1) Para os pobres (escolas grandes):  
 - Ensinar a ler, escrever e a contar; 
 - Havia apenas um professor, o qual era responsável por cuidar dos deveres que são ditos como próprios das classes populares; 
 - Alunos de diferentes idades na mesma “sala”; 

 - “Felizmente, as crianças plebéias necessitam de menos instrução do que as outras, e devem dedicar metade do seu tempo aos trabalho manuais” (PONCE, A. A educação e luta de classes. pp. 139).


2) Para os ricos e classe média: 
- Os filhos das classes superiores começavam a instrução cedo;

- Essas escolas formavam os “cidadãos do mundo”; 

- Estudavam mais que os outros, pois deveriam “chegar mais longe”;

- Forma de castigo (devido aos vícios ou aos defeitos) : transformar uma hora de estudo em uma hora de trabalhos manuais.

Condorcet
Outros dois homens tiveram um papel importante na discussão sobre a educação, Condorcet e Pestalozzi. O primeiro concedeu o direito de controlar o ensino e a obrigação de instruir ao Estado.Para ele, a instrução PÚBLICA deve assegurar a todos um mínimo de cultura. Não permite também que o Estado imponha a criança qualquer credo (era contra o ensino religioso nas escolas).
“Que o poder do Estado – afirma – termine no umbral da escola, e que cada professor possa ensinar as opiniões que acredita verdadeiras, e não as que o Estado crê verdadeiras.”  (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 142).


Pestalozzi




Pestalozzi por sua vez dedicou a sua vida às crianças pobres e queria aumentar e desenvolver as forças espontâneas da criança, a sua atividade própria. Queria também desenvolvê-las de acordo com seus dons, suas possibilidades e experiência do mundo e da sociedade.








Pode-se dizer que os dois pedagogos foram os mais autênticos da revolução burguesa, nos mostrando quais eram as intenções da burguesia para o campo educativo.

Há ainda dois outros pontos importantes a destacar. O primeiro deles é em relação ao humanismo racionalista. Ele se expandiu no século XIX com o progresso da democracia e da ciência. Estava presente nas concepções pedagógicas dos escritores como Condorcet e T. Paine; criou-se um programa educativo que priorizava a formação do espírito e fazia desta formação a base de toda a educação.
Esse humanismo tendia para a concepção da pedagogia tradicional da essência, a qual
(...)procurava negar conceitos perfilhados pelo idealismo antigo e pelo tomismo medieval (...)”. (SUCHODOLSKI,B. A pedagogia e as correntes filosóficas. pp.56).
Essa nova variante da pedagogia da essência, sofreu ataques de outras correntes da pedagogia da essência, nomeadas de concepções religiosas, neo-tomistas e também da pedagogia da existência.


O segundo ponto importante é a questão da Teoria da evolução de Charles Darwin. Ela foi o fortalecimento da pedagogia da existência. As idéias evolucionistas ANTIGAS, contribuíram em grande parte para a pedagogia da essência.
O “novo” evolucionismo deveria opor-se por princípio à pedagogia da essência. A educação e a instrução desempenham uma função diferente de acordo com as leis gerais da vida social.

É na teoria da evolução que concluímos que Pedagogia da existência = Pedagogia da luta pela vida.

E por fim, temos a existencialização da pedagogia da essência. Certas correntes da pedagogia da essência adotaram algumas teorias da pedagogia da existência. 
Forma-se também uma corrente menos radical, que se afasta da pedagogia religiosa clássica.

Vídeo sobre o período de transição:




3 comentários:

  1. Gostaria de participar dos estudos do grupo enquanto efetuarem abordagens marxistas da educação. Antes, por favor, poderia saber de onde vocês são?

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  2. Aníbal explica que apesar que apesar de Pestallozi ter trabalhado com crianças
    pobres(pouco) ele refletia os interesses da burguesia que dizia que a grande massa não deve ter a mesma educação que os nobres

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