quinta-feira, 16 de junho de 2011

A educação e o homem burguês - Do Renascimento até o século XVIII

Como foi dito na postagem anterior, os renascentistas começaram a aparecer no final do feudalismo como uma reação ao mesmo. Podemos ver isso no seguinte trecho: "Como uma reação ao feudalismo teocrático, o burguês do Renascimento volveu os olhos para a Antiguidade, para retomar a cadeia da unidade histórica no mesmo elo em que o feudalismo, aparentemente, a rompera." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 110).




                                 



E assim se dá início ao renascimento.
"E assim surgiu um novo mundo, em que as coisas se passam de um modo bem distinto." (Ponce, pp. 113).  






Ao lado, "O homem vitruviano" de Leonardo da Vinci, que sintetiza o ideário renascentista.






A época do Renascimento, herdou as tradições antigas e cristãs da pedagogia da essência (que teve início com Platão e com o cristianismo) e as completou com a concepção de modelo do homem, baseado na razão.

Observação: O que é a PEDAGOGIA DA ESSÊNCIA?
  •  Pedagogia da essência é aquela que investiga tudo que é empírico no homem e concebe a educação como ação que desenvolve no indivíduo o que define a sua essência verdadeira. É assentada numa concepção ideal do homem.

E como diz Bogdan Suchodolski : "O Renascimento, (...), foi uma época em que a pedagogia da essência, continuando a procurar inspiração nas tradições pedagógicas antigas e cristãs, criou novas concepções de protótipos e de normas que devem regular os homens e a educação." (A pedagogia e as correntes filosóficas. pp. 28).


Pode-se caracterizar o Renascimento da seguinte forma:

É importante lembrar que em relação ao campo educacional, "(...) a pedagogia humanitária passou-se a tomar a criança em consideração no decorrer do ensino e adaptam-se os métodos ao nível intelectual da criança." (SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as correntes filosóficas. pp. 26).

Luis Vives


O autor Jean-Louis Vivés, se manisfestou, concordando com essas tendências (descritas no parágrafo anterior). 








Montaigne
Montaigne por sua vez falava como um representante dos nobres e exigia para o jovem nobre, para quem ele idealizava a educação, um ensino diferente do que tinha recebido até o momento. Juntamente com Vives, acreditava que "(...) o útil e o prático passam agora a constituir preocupações de primeiro plano." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp.115). 





Algumas concepções pedagógicas da época:

  1. Jesuítas:
    - Grupo que representava a orientação tradicional, relacionados à Igreja Católica;
    Se tornaram senhores de grande parte da educação européia com a publicação da obra Ratio studiorum;
    Realçaram com vigor o sentido religioso e dogmático da essência pedagógica;
    Não se preocupavam com a educação popular e queriam controlar a educação dos nobres e dos burgueses abonados;
    Ajudaram na conquista da hegemonia pedagógica da Igreja e a defendeu das ameaças de ela sofria.
  2. Comenius:
    Criou o “sistema natural da cultura” ou sistema pedagógico dependente da Natureza;
    Continuou a tradição do Renascimento de tornar mais fácil o ensino escolar;
    - Dizia que a educação faz do homem um homem e o reconduz à sua essência mais profunda.
  3. Lutero:
    Intérprete da burguesia  moderada e da pequena nobreza ;
    Difundiria as primeiras letras na medida em que a leitura permitisse o manuseio da Bíblia;
    - Para ele, a instrução constituía uma fonte de riqueza e de poder para a burguesia.
  4. John Locke:
    Desenvolveu a teoria da formação moral do adolescente de acordo com as exigências do seu estado, em sua obra Pensées sur l’education (Pensamentos a respeito da Educação).
Mais a diante no tempo, o primeiro pensador a se opor à Pedagogia da Essência foi Jean-Jacques Rousseau. Ele diz que a educação não deve ir contra o homem para formar o homem, já que ele é naturalmente bom. Rousseau se preocupou, nesse período, com a educação do INDIVÍDUO, o qual tinha condições de manter um preceptor, e não com a das MASSAS. Pode-se perceber traços de uma "nova pedagogia", a Pedagogia da Existência.
Observação: O que é a PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA?
  • Pedagogia da Existência é perceptível já em Rousseau e seguidamente em Kierkegaard, toma o homem tal como é e não como deveria ser. Constitui a corrente de maior importância da pedagogia burguesa.

Portanto, conclui-se que o Renascimento foi um período de grandes mudanças, o qual se baseou no antropocentrismo, individualismo e racionalismo. 



Vídeo sobre a educação renascentista:




Um comentário:

  1. karla, gostaria de saber se encontro o livro "PONCE, A. Educação e luta de classes" em pdf ?

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